Penso que a falta de noção do impacto individual no mundo é um grande problema das sociedades modernas.
Nós somos o capitalismo, somos o consumidor, somos o governo. Não existe uma entidade externa chamada empresa ou governo, somos nós. Nós somos a maximização do lucro e temos a liberdade de não o ser (abrindo uma empresa que tenha por objectivo a maximização de outra coisa qualquer). Nós somos o aquecimento global, somos a falta de ajuda a grandes tragédias, somos o especulador financeiro. Nós somos o gajo que guia mal, em excesso de velocidade e que estaciona em cima das passadeiras.
O problema está em sermos uma parte tão pequena do todo que não percebermos o nosso papel.
Dan Ariely expõe este problema no seu livro "O lado bom da irracionalidade". O autor explora a questão das doações e dá-nos a conhecer estudos que demonstram como as pessoas são mais sensíveis a causas humanitárias se perceberam claramente quem é o sujeito que estão a ajudar e qual o impacto que têm. A parte má é que os grandes desastres que envolvem um grande número de vitimas recebem menos compaixão do que uma menina que cai num poço.
Penso que parte disto advém da globalização. A nossa aldeia pequena, onde o nosso papel era claramente definido, passou a ser uma aldeia global, onde a nossa individualidade se perde.
Sem comentários:
Enviar um comentário